A Caderneta Vermelha – Antoine Laurain

La Femme au Carnet Rouge (2014) traduzido para o Brasil como A Caderneta Vermelha foi escrito pelo francês Antoine Laurain e, segundo o que pesquisei na internet além de ter sido traduzido para mais de 10 idiomas, teve os direitos de adaptação cinematográfica comprados pela UGC.

Sou apaixonada por títulos interessantes e sugestivos, portanto, isso foi o que mais me agradou e chamou atenção em A Caderneta Vermelha, daí após ler a sinopse constatei que seria uma leitura promissora e fiquei ainda mais empolgada.

“Se realmente havia uma coisa que definia o parêntese adolescente eram as gargalhadas. Depois dessa idade, nunca mais rimos assim. A consciência brutal de que o mundo e a vida são completamente absurdos desencadeia esses ataques de riso de tirar o fôlego, ao passo que a mesma ideia, vinte anos mais tarde, só provocará um suspiro resignado.” (p.52)

O livro é fininho, com pouco mais de 100 páginas e o li em apenas um dia de tão envolvida que fiquei com o enredo, os personagens, a narrativa. Necessito dizer uma coisa: É incrível como o conjunto inteiro dessa obra me agradou.

Vale frisar que eu achei um livro bastante original e peguei gosto por ele logo na primeira página e durante toda a leitura me deparei com inteligência, maturidade e erudição em uma obra completa e ao mesmo tempo “curta”. Não há absolutamente nada de clichê em A Caderneta Vermelha, é até impressionante como o rumo que a ação acontece foi me surpreendendo e a leitura tornou-se absurdamente deliciosa e prazerosa.

“Existem amores efêmeros, programados desde o início para morrer, e em prazo bastante curto – em geral, só se toma consciência disso no momento em que acontece.” (p.66)

A narrativa tem início logo numa ação: Laure tem sua bolsa furtada de madrugada pouco antes de conseguir entrar em seu prédio. Além do furto, o ladrão agredi Laure que se vê numa situação imprevista e deslocada: sem as chaves para entrar em casa, sem dinheiro para pagar hotel, vê-se tendo que convencer as pessoas do que acabou de se passar com ela.

Na manhã seguinte, o livreiro Laurent Letellier encontra a bolsa encima de uma lixeira e movido por seu espírito de justiça tenta entregar o objeto numa delegacia, mas a lotação estava tão grande que ele acaba saindo de lá com a bolsa e procura algo dentro dela que posso levá-lo à dona. Começa assim uma investigação sobre os objetos e, principalmente sobre uma caderneta vermelha que tem coisas de todo o tipo escrita, inclusive coisas bem particulares.

“Pode-se sentir a nostalgia daquilo que não aconteceu? O que nós denominamos “pesares”, e que concerne às sequências de nossas vidas em temos quase certeza de não haver tomado a decisão correta, comportaria uma variante mais singular, que nos envolveria numa embriaguez misteriosa e doce: a nostalgia do possível. (p.104)

O desenrolar é incrível e chega a um clímax de tirar o fôlego: o que acontecerá com Laure? Será que Laurent irá conseguir encontrar a dona da bolsa e caderneta vermelha? É incrível como a narrativa vai se delineando e apresentando características bem particulares dos personagens e vamos vendo como os dois poderiam se encaixar, sobretudo nos gostos e maturidade.

Os personagens são magnificamente construídos – inclusive os secundários – de tal modo que fiquei encantada por cada um deles.

Realmente amei esse livro, e o li tão rápido que me deu aquela tristeza quando percebi que tinha terminado, a saudade foi tanta que voltei o livro para reler as partes que mais gostei. Amo quando pego um livro para ler, mas, sobretudo, amo quando o livro me pega.

Super recomendo a leitura, principalmente para quem gosta de livros originais, rápidos e cativantes.