My Sister’s Keeper publicado originalmente em 2004 foi publicado no Brasil com o título A Guardiã da Minha Irmã, escrito pela americana Jodi Picoul, que tem vários livros escritos e publicados e, muitos deles, sofreram adaptações cinematográficas, entre os que sofreram adaptação está A Guardiã da Minha Irmã, em 2009, entretanto o filme no Brasil tem o título Uma Prova de Amor.
Sem sombra de dúvida o livro é bem escrito e Picoult tem uma narrativa cativante que faz com que o leitor não tenha vontade de largar seu livro, além desse detalhe, há algo que pode ser considerado por muitos um ponto positivo ou não: a escritora, é bastante detalhista. Por que digo isso?
“Ao contrário do resto do mundo, não cheguei aqui por acidente. E, se seus pais só tiveram você por um motivo, é melhor esse motivo existir. Porque, quando ele desaparecer, você vai desaparecer também.” (p.14)
O enredo é simples e complexo: Anna Fitzgerald, de 13 anos, foi geneticamente feita em laboratório para ser uma doadora compatível para sua irmã, Kate (16 anos) que tem leucemia promielocítica aguda (LPA) diagnosticada aos três anos de idade e desde esse tempo, toda a família Fitzgerald tem como centro Kate, e, portanto, acaba esquecendo Jesse, o irmão mais velho que se torna um rebelde, e Anna é vista numa boa parte das vezes apenas como a doadora de Kate.
“Houve algum erro. Foi o vidrinho de sangue infeliz de outra pessoa que a médica analisou. Olhe para minha filha, para o brilho de seus cachinhos revoltos e para o voo de borboleta que há em seu sorriso – esse não é o rosto de alguém que está morrendo aos poucos.
Eu a conheço há dois anos. Mas se você pegar cada lembrança, cada momento, e colocá-los um ao lado do outro, eles se estenderão até o infinito.” (p.40)
Sara e Brian, pais de Jesse, Kate e Anna acabam negligenciando e não escutando a família por conta das muitas recaídas e crises de Kate, e quando chega a um dia fatídico em que Anna entra com um pedido de emancipação junto com seu advogado Campbell Alexander, pois ela se recusa a continuar sendo doadora de Kate e assim ter que doar um rim para ela.
Sara, sua mãe, revolta-se e tenta brigar judicialmente contra a emancipação já que se Anna não doar um rim para Kate, Kate que está morrendo, morrerá muito mais rápido. Brian, o pai, está muito dividido sobre o que considerar certo e errado: se Anna não doar o rim Kate morre, mas Anna não quer doar o rim e Kate já viveu com essa doença um tempo muito maior do que todas as expectativas. Será justo obrigar Anna doar uma parte de seu corpo para que Kate viva por mais tempo?
“Ser pai é apenas uma questão de seguir as pegadas dos filhos, torcendo para que eles não se afastem tanto que você não consiga mais ver seus passos.” (p.157)
A Guardiã da Minha Irmã é um livro forte que lhe coloca de frente com o que é certo, errado, ético ou não. Na verdade, o próprio leitor não sabe de que lado ficar nessa história e para completar, magnificamente Jodi Picoult coloca cada capítulo narrado por um dos personagens: Anna, Sara, Brian, Jesse, Campbel Alexander e até a curadora ad litem, Júlia. É tremendamente atordoante saber os pensamentos, os sentimentos e os motivos que cada personagem tem.
“Agora que isso não é mais uma situação hipotética, me parece que um pai ou mãe só pode fazer duas coisas quando lhe dizem que seu filho tem uma doença fatal. Ou você se desmancha e vira uma poça, ou leva aquele tapa na cara e se força a erguer o rosto de novo para levar mais.” (p.241)
Este é o primeiro livro da Jodi Picoult que leio e confesso que gostei tanto que pretendo ler outros livros da escritora, há vários já publicados no Brasil. De forma bem pessoal, tenho que dizer que há tempos não chorava tanto lendo um livro como chorei lendo A Guardiã da Minha Irmã e mesmo que ele tenha partes bem jurídicas e médicas, pois tudo gira em torno do processo de Anna e da saúde de Kate, devo dizer que me surpreendi lendo e que me emocionei bastante, afinal tem muito sentimento envolvido nas palavras, frases, parágrafos e capítulos deste livro. Às vezes, a vida nos reserva surpresas e, às vezes, são os livros que escondem surpresas, fico grata por ter tido a oportunidade de me surpreender e emocionar com A Guardiã da Minha Irmã.
“Mas ser mãe é completamente diferente. Você quer que seu filho tenha mais do que você jamais teve. Quer acender um fogo debaixo dele e vê-lo subir aos céus. É mais que as palavras. Mas cabe tudo direitinho aqui dentro.” (p.415)
Desejo que muitas outras pessoas ao lerem essa resenha se interessem por esse livro que tem uma história linda para contar, dolorosa e triste, mas linda. Que tal se confrontarem com questionamentos tão complexos que você jamais saberia resolvê-los se estivesse vivendo a mesma situação? Que lado é o certo de ficar? Leia e descubra.
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