A PRISIONEIRA DO TEMPO traz uma mescla de romance histórico, romântico, drama, suspense, gótico tudo na medida certa para deixar o leitor curioso
Saudações Leitores!
A PRISIONEIRA DO TEMPO (The Clockmaker’s Daughter, 2018) foi escrito pela australiana , que atualmente mora em Londres, esse é meu primeiro contato com a escritora, mas já ouvi muito falar sobre ela, pois Kate Morton é muito famosa por escrever tragédias do século XIX, mesclando romances góticos contemporâneo, ou seja, a escritora passeia por vários gêneros desde romances históricos, românticos, dramáticos, suspenses e aspectos sobrenaturais.
Em A PRISIONEIRA DO TEMPO a autora constrói, de forma bastante elaborada, uma teia complexa de personagens que se entrelaçam pelo passar do tempo e o mais fantástico desse volume é a peculiaridade de sua narrativa, pois temos uma narradora personagem que perpassa todos os tempos e liga todas as histórias que são contadas de capítulos que são narrados em terceira pessoa. Isto é: temos dois tipos de narrador: narrador em primeira pessoa e em terceira pessoa.
“Momentos importantes da vida sempre trazem o passado de volta.”
A história começa quando Elodie Winslow, uma arquivista, encontra, em seu trabalho, uma bolsa de couro contendo uma foto de mulher e um caderno de desenhos. Aquele achado impacta Elodie de alguma forma, pois ela acredita que conhece aquela casa, porém, aparentemente só havia visitado essa casa em sua imaginação, sendo assim, decide que precisa investigar o conteúdo daquela bolsa e a história por traz da foto e do caderno de desenho.
“As coisas são diferentes do lado de cá. Os seres humanos são curadores. Cada um lustra suas lembranças favoritas, organizando-as para criar uma narrativa agradável. Algumas acontecimentos são reparados e adornados para exibição; outros são considerados indignos e deixados de lado, arquivados embaixo da terra no transbordante armazém da mente. Lá com alguma sorte são prontamente esquecidos. O processo não é desonesto: é a única maneira de as pessoas viverem consigo mesmas e com o peso de suas experiências.”
O grande mistério de A PRISIONEIRA DO TEMPO é acerca da narradora personagem, pois sabemos que ela sabe de tudo, vê tudo e conhece muito sobre o ambiente em que boa parte da história acontece: a mansão Birchwood Manor e, o mais interessante é que embora não saibamos quem é essa narradora personagem sabemos que ela é uma fantasma que, aos poucos, vai nos contando alguns pormenores que se passaram na mansão há mais de 150 anos, sendo que para a “fantasma” ela não consegue depreender tempo.
Boa parte da reconstituição dos fatos narrados pela fantasma é que vamos conhecendo os mistérios que sondam a mansão Birchwood Manor, fatos românticos e até tragédias! Além dela, temos a narrativa de outros personagens que passaram pela casa
Isso significa dizer que Kate Morton nos conta não uma e nem duas histórias (passadas em tempos históricos diferentes), mas várias histórias, como uma grande teia de aranha que pode não parecer fazer sentido, mas logo você percebe que tudo converge para Birchwood Manor e esse é um grande elo que vai prendendo o leitor.
“Não existe hora certa, ele me explicou. O tempo era uma ideia: não tinha fim nem começo; não podia ser visto, ouvido ou cheirado. Poderia ser medido, com certeza, mas não foram encontradas palavras para explicar exatamente o que era, Quanto à hora “certa”, era simplesmente uma questão de convenção.”
Sem contar que outro diferencial incrível da autora é a forma de escrever, pois Kate Morton tem uma sensibilidade pulsante e uma descrição incrível que apresenta detalhes da ambientação, da mansão, dos personagens, das obras de artes e isso dá vida aquilo que estamos lendo, de tal forma que não deixa o enredo maçante, mas real, parece que estamos lendo algo que realmente aconteceu e estamos fazendo uma reconstituição da história.
Um detalhe que vale a pena ressaltar e que salta aos olhos de quem lê A PRISIONEIRA DO TEMPO são os personagens, cada um deles são extremamente bem desenvolvidos (os principais), conseguimos vivenciar e entender seus conflitos, suas jornadas, suas escolhas, seus sentimentos e esse tipo de detalhe me encantou como leitora.
“Todos nós fazemos coisas na vida das quais nos arrependemos […]”
Para vocês terem uma ideia, devorei o volume muito rápido, mesmo ele tendo mais de 400 páginas, pois não conseguia soltá-lo, sem contar que é uma leitura tranquila, cheia de nuances e delicadezas, além de mistérios. Fiquei envolvida e me encantei com esse meu primeiro contato com a escritora, inclusive já desejo muito ler outras obras dela. Alguma indicação para mim? Lembrando que já deixo aqui minha super indicação de A PRISIONEIRA DO TEMPO. Boas Leituras!
“Não havia como voltar atrás. O tempo se move apenas em uma direção. E não parava. Ele nunca parava de avançar, não dava nem mesmo oportunidade de alguém parar para pensar. O único caminho de volta era pelas lembranças.”
Deixe uma resposta
Ver comentários