Crepúsculo dos ídolos foi uma leitura altamente reflexiva e ainda que o autor algumas vezes erre a mão nas críticas e por vezes demonstre a sua prepotência, eu gostei da experiência de leitura, pois é necessário conhecer visões diferentes sobre determinados temas e campos do saber. Nietzsche nos explica o mundo, ainda que por meio de sua visão e isso é algo extremamente positivo e interessante. Agora, não espere uma leitura fluída, pois não é. Essa é uma leitura que demanda atenção e concentração do leitor. É um livro para ir lendo aos poucos, para você ir anotado, refletindo e apreciando. Recomendo a leitura para todos aqueles que desejam estudar sobre o pensamento filosófico, bem como para aqueles que querem conhecer um pouco das ideias de Nietzche.
Sinopse: Crepúsculo dos ídolos foi um dos últimos livros escritos por Nietzsche e pode ser considerado ao mesmo tempo uma síntese de sua filosofia e uma introdução a ela. A obra faz uma crítica à cultura ocidental moderna, e é com aforismo, sarcasmo e trocadilho irônico que escritor se dirige a Sócrates, Platão, Kant e tantos outros. Em contraste com todos esses supostos representantes da “decadência” cultural, Nietzsche aplaude César, Napoleão, Goethe e os sofistas como tipos mais fortes. O resultado é uma obra implacável e vigorosa desse pensador que não fazia concessões e se dispôs a pagar o preço por seu pensamento revolucionário, traçando o limite entre genialidade e loucura. Esta edição conta com a tradução dos experientes Edson Bini e Márcio Pugliese.
Resenha/Opinião: Há muito tempo eu queria ler “Crepúsculo dos ídolos”, seja para conhecer, ainda que de forma introdutório os pensamentos e questionamentos de Nietzsche ou mesmo para estudar um pouco sobre o pensamento filosófico. É nesse ano de 2021 que a minha vontade tornou-se realidade, pois através da inédita parceria com a Nova Fronteira eu pude realizar esse objetivo. Escrito por Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos ídolos ou “Como filosofar com um martelo” foi publicado originalmente em 1888 e nesse ano de 2021 recebeu uma nova edição no selo Clássicos de Ouro (Nova Fronteira).
Nietzsche em sua obra emprega uma “grande guerra” contra o pensamento religioso, ou melhor, contra o cristianismo, bem como contra a moral e a estrutura criada e estabelecida pela Igreja Católica que serviu como base para moldar a sociedade ocidental como conhecemos. Nietzsche acreditava que a Igreja e a religião exerciam um grande controle sobre o ser humano, manipulando o mesmo para o seu próprio interesse. Nietzsche tecia fortes críticas em face da Igreja que na sua visão demonizava a sexualidade e ele foi além ao taxar o cristianismo como o evangelho dos pobres, oprimidos, fracassados e daqueles que não eram eruditos.
O autor era um defensor dos impulsos e dos prazeres, ou seja, era um “apóstolo” de Dionísio, antigo deus na mitologia grega que prezava pelos ciclos vitais das festas, do vinho e da insânia. Aliás, ele classifica o homem por dois comportamentos, apolíneo, aquele que se guia pela razão e o Dionísio, regido pelas emoções.
Nietzche defende que a maior hipocrisia é a exigência da sociedade de que o homem deveria se comportar e viver de acordo com as normas vigentes ou padrões estabelecidos em seu tempo. Nietzsche defende a pluralidade de seres, que o ser humano deveria ser humano e que para buscar a felicidade deveria seguir os seus instintos.
Nietzsche demonstrava ser favorável a aniquilação da cultura em voga, cultura essa que “idolatrava” figuras diversas, colocando-as como ídolos. Essa cultura é mais nítida na cultura ocidental, ainda que na época de Nietzsche fosse mais praticada em relação ao aspecto religioso. Contudo, os ídolos não residem apenas no campo da religião, mas também do próprio pensamento e aqui Nietzsche critica antigos pensadores como: Sócrates, Platão e outros filósofos.
Sócrates na visão de Nietzche era hipócrita, mas sobretudo um produto falho de seu tempo e um mero reflexo da Grécia que já não tinha a mesma imponência e importância de outros tempos. Platão em sua visão não passava de um covarde perante a realidade e vivia em delírios. Nietzsche simplesmente buscar refutar as ideias dos grandes ídolos da filosofia, ele simplesmente tira esses ídolos de tais pedestais e tece profundas e fortes críticas sobre seus modos de agir e pensar, sem qualquer tipo de condescendência ou piedade. Nietzsche realizava tais críticas apenas por achar que suas ideias eram superiores a de todos outros, ou seja, até mesmo os ídolos na visão de Nietzsche são suscetíveis aos erros e falhas, o que nos faz lembrar que a nossa própria carne é falha.
Sobre a decadência humana, Nietzche acredita que há formas para que a humanidade saia desse caminho, mas para isso é necessário mudanças no pensamento e comportamento, é necessários se assumir, sair do caminho que estamos trilhando há tempos, é necessário apontar as mazelas sem medo de sofrer represálias.
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