[CRÍTICA] RAMBO: ATÉ O FIM

Crítica: John Rambo é um dos personagens mais icônicos dos filmes de ação e me arrisco a dizer da sétima arte (cinema), pois é um personagem que marcou gerações, principalmente para aqueles que nasceram na nas décadas de 60 e 70. Disso isso, pois o primeiro filme da série, Rambo: Programado para matar  (Rambo: First Blood) chegou aos cinemas em 1982 e contou com continuações nos anos de 1985 com Rambo: A Missão (Rambo: First Blood II) e Rambo III em 1988, ou seja, pegou um público jovem. Aliás, o primeiro filme da série é uma propaganda contra a guerra.

Após um hiato de 20 anos, Sylvester Stallone voltou a interpretar o personagem em Rambo (Rambo IV) e agora ele chega ao seu quinto filme, Rambo: Até o fim (Rambo V: Last Blood) que pode ser o último filme da franquia caso não seja sucesso, pois Stallone cogitou um sexto filme se o atual for muito bem na bilheteria. Aqui vemos como o personagem envelheceu, Rambo é um homem cansado, traumatizado quebrado e precisa conviver com os horrores das batalhas e guerras que participou. Ele carrega um pesado fardo em suas costas se culpando por não ter conseguido salvar mais companheiros de farda e acabando por viver remoendo o passado.
Mas John Rambo não enfrenta a vida de forma solitária, pois ele convive com Maria Beltran, uma mulher na casa dos 60 anos de idade que conheceu o pai de John, e com Gabrielle (neta de Maria), uma adolescente órfã de mãe que foi abandonada pelo pai. Rambo vive dias tranquilos cercado por essas duas mulheres no seu rancho em Bowie, Arizona. Os três apresentam uma ligação baseada no carinho e respeito, é algo bem familiar. Gabrielle inclusive considera John como um tio, e ele a considera como a filha que não teve.
Contudo, diante das dificuldades que carrega em si, Rambo prefere dormir em um quarto cercado por armas e lembranças do seu tempo de soldado, aliás, esse quarto é cercado por túneis que ficam no subsolo da casa. No dia a dia, percebemos que o letal soldado utiliza diversos remédios para ajudá-lo a controlar todo o turbilhão que passa em sua cabeça, e ele parece possuir uma condição semelhante ao Transtorno do estresse pós-traumático, um distúrbio que afeta psicologicamente e fisicamente o indivíduo. Rambo ocupa o seu tempo cuidando do rancho, mas principalmente dos cavalos, para os quais demonstra muito zelo.
Mas os dias de tranquilidade do velho soldado estão contados, pois Gabrielle viaja escondida para o México (ignorando os conselhos de Rambo e sua avó), onde pretende encontrar o pai que a abandonou. Ela quer saber qual foi o motivo do abandono, mas o problema é que ela sê vê envolvida com um perigoso cartel que comanda uma grande rede de prostituição e não resta outra alternativa para Rambo senão cruzar a fronteira e ajudar Gaby.
Opinião: Rambo: Até o fim, é um filme extremamente brutal, violento e sanguinolento, pois nos momentos de ação o diretor não poupa nos detalhes e é tudo muito visceral. O interessante que o momento de calmaria se mantém até quase metade do filme e somente no último terço é que as cenas de ação começam para valer. A jornada de Rambo me fez lembrar outros filmes como “Busca Implacável” com Liam Neeson ou “Rastos do ódio” de John Ford, por sinal dois grandes filmes.
É interessante como produções norte-americanas por vezes retratam países que são considerados de segundo ou terceiro mundo, que fica claro pelas tonalidades alaranjadas comumente adotadas e aqui não é diferente, pois em certos momentos isso fica perceptível quando John está no México. Outro detalhe claro é a pobreza, imundice e desorganização habitacional retratadas nas áreas em que John ou Gabrielle passam ao longo do filme, mas também toda a crueldade e desumanidade no submundo do sexo, onde os homens capturam mulheres para serem escravas sexuais ou serem vendidas como mercadorias para o seu vizinho rico. Aliás, as mulheres são vistas como objetos, como carnes pronta para o “abate”.
Esse filme serve para aplacar um pouco a saudades dos saudosistas (meu caso) e também funciona bem como entretenimento, digo isso para aqueles que querem um filme para desligar a cabeça e curtir, mas também para refletir um pouco sobre a crueldade presente nesse mundo de prostituição. Esse é o segundo filme de Rambo que assisto no cinema, o primeiro foi aquele que chegou aos cinemas em 2008 e fico feliz por acompanhar em parte o envelhecimento desse personagem, mas também do ator que tenho entre os favoritos da minha vida. Stallone está longe de ser o ator mais competente mas é carismático e é sinônimo de perseverança e determinação.
Rambo: Até o fim está longe de ser o melhor filme da série, mas é um divertimento muito bom e com certeza vale o ingresso. Super recomendo para quem curte um bom filme de ação e violento, pois assim como John Wick, esse é um filme onde, realmente, socos, tiros, bombas e porradas tiram sangue e deixam sequelas no inimigo.