HEIDI: A MENINA DOS ALPES – JOHANNA SPYRI

Sinopse: Escrito em 1880, final do século XIX, Heidi, a menina dos Alpes traz muitas diferenças em relação aos dias de hoje: o jeito de os personagens verem o mundo, de se relacionarem uns com os outros, seus costumes, seu modo de falar, de se vestir. Seu jeito de sentir o mundo e a vida, de se relacionar com Deus. São diferenças naturais, espirituais e culturais importantes, que se devem não só à distância e às discrepâncias geográficas entre a Suíça, onde se passa a maior parte da história, e o Brasil, mas também ao tempo – 142 anos! – que separa nossa vida hoje, no século XXI, da vida dos personagens.

Se o leitor não perder de vista esses diferentes contextos, vai desfrutar – na história da menina órfã que vai viver com o avô turrão no topo de uma montanha dos Alpes suíços – de uma leitura divertida, prazerosa e também enriquecedora, fonte de descobertas e reflexões importantes para a vida de qualquer pessoa. Esta edição, em um único volume, reúne o texto integral dos dois volumes originais: Tempo de viajar e aprender e Tempo de usar o que aprendeu.

Resenha/Opinião: Escrito por Johanna Spyri e publicado originalmente em 1880, Heidi é considerado um clássico da literatura infantojuvenil alemã e no ano de 2017 a Editora Autêntica publicou o livro em dois volumes (Tempo de viajar e aprender e Tempo de usar o que aprendeu) na coleção Clássicos Autêntica. No ano de 2021 o livro ganhou uma nova roupagem pela Autêntica e agora em um volume único.

Em Tempo de viajar e aprender Heidi é um garotinha de apenas cinco anos de idade, órfã, ela foi criada e vive com a sua tia Dete desde que nasceu, mas em certo momento a sua tia recebe uma boa proposta de emprego na cidade de Frankfurt (Alemanha) e não poderá levar a pequenina consigo, dessa forma Heidi é deixada aos cuidados do avô paterno com quem nunca teve contato e que passará a viver, conhecido como “Tio dos Alpes”. O grande problema é que o avô mora em um lugar isolado nas montanhas, além disso ele não se relaciona com ninguém na aldeia próxima de onde vive, ele é um homem temido e ao mesmo desdenhado pelos habitantes da aldeia.
Em sua nova morada Heidi fica deslumbrada pela natureza, aliás, ela ama a natureza e é nessa nova vida que ela faz amizade com Pedro das cabas e sua família. O avô ao cuidar da garotinha vai demonstrando amor e carinho, aos poucos ele mesmo vai demonstrando que não é aquele homem mau, apenas carregava uma grande tristeza no coração, algo que o afastou de Deus, mas vivendo com Heidi ele foi se transformando em uma pessoa melhor.
A situação esta boa para Heidi e seu avô, até que sua tia Dete após quatro anos surge para buscar a garota. Essa volta ocorreu porque Dete conseguiu uma família em Frankfurt, os Sesemann e eles iriam abrigar Heidi para fazer companhia para a filha (Clarinha) do senhor Sesemann. Mesmo à contragosto, Heidi é levada para o seu novo lar em Frankfurt.
Em seu novo lar Heidi aprende a ler e cria fortes laços de amizade com Clarinha (uma garotinha paraplégica), a filha do senhor Sesemann. Porém, nem tudo são flores em seu novo lar, pois Heidi precisa enfrentar algumas dificuldades impostas pela senhor Rottenmeier, uma mulher extremamente religioso que chama Heidi pelo nome de Adelaide, pois esse seria um nome cristão. Em seu novo lar apesar de certas dificuldades, Heidi vai aprender muitas coisas que carregará para o resto da vida.
Em Tempo de usar o que aprendeu vemos que Heidi está de volta para a casa do seu avô, o famoso “Tio dos Alpes” e esse retorno deixa a garota ela extremamente feliz. Ao retornar, Heidi vê que seu avô mudou completamente, agora ele se dá bem com todos na aldeia, inclusive no inverno ele sai da montanha e vai morar na aldeia, pois assim a sua neta pode frequentar as aulas sem maiores problema, mas quando chega a primavera eles retornam para as montanhas, onde se deliciam com a natureza.
Quem está feliz com o retorno de Heidi é Pedro das Cabras, agora ele pode conviver novamente com a garota, ter a sua companhia e amizade. Contudo, ele vive morrendo de medo do povo da cidade, pois ele acredita que eles vão levar Heidi em algum momento. Enquanto vive novamente com seu avô, Heidi espera ansiosamente a visita de sua amiga Clara que prometeu visita-la. Após algum tempo Heidi finalmente recebe a vista da Clarinha e da senhora Sesemann, elas decidem passar algumas semanas nas montanhas (Alpes). Clarinha e Heidi embarcam em diversas aventuras que serve para unir ainda mais as garotas.
Heidi é uma leitura incrível, aqui a autora nos mostra o valor das coisas simples da vida, o valor e a beleza da natureza, pois comtemplar da natureza é algo que faz bem ao ser humano. Johanna também fala sobre a amizade, o quão bom e necessário é ter amigos em nossas vidas, pois isso nos faz feliz, nos completa em certa medida e podemos gerar felicidade na vida dos outros.
Outro aspecto interessante abordado pela autora é a nossa relação com o Criador, o quanto ele é importante em nossa vida, o quanto é essencial para lidarmos com tempos difíceis. A relação da fé em Deus demonstrada pela autora é algo bonito e singelo, aliás, a nossa fé em Deus deve ser isso, algo singelo, mas verdadeiro. A autora também aborda a depressão infantil, algo que ao meu ver é pouco falado nos livros, ao menos nos que tive a oportunidade de ler, sejam eles de literatura clássica ou não.

A nossa protagonista é simplesmente uma menina incrível e encantadora, ela é sobretudo feliz, independente dos obstáculos que precisa enfrentar, aliás, ela é capaz de encontrar a felicidade nas pequenas coisas que acontecem ou estão ao redor da sua vida, isso é algo maravilhoso, pois a felicidade é uma sensação sublime. Eu só posso tecer elogios ao livro da Johanna que por sinal tem uma escrita maravilhosa. Eu recomendo a leitura de Heidi para todos que desejam ter em mãos um livro maravilhoso! É imperdível!